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SOLANO BRUM,O PÁSSARO CANTOR
AMOR PERFEITO
Textos

 

AS SETE VÍTIMAS DA TRAGÉDIA

                         Solano Brum

 

“A vida é uma caixinha de surpresas!”

- Provérbio deixado por algum escritor!

Pelos certos; errados; horrores; e, belezas,

O que conto... Ninguém poderia supor!

 

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Ninguém poderia supor que naquele Micro ônibus, com três poltronas de um lado e três do outro, sendo a mais recente fabricação da Chevrolet, com a velocidade moderada por cautela ao temporal que caia pesado sob o teto do veículo de nariz alongado, adquirido por um Rico Industrial, teria...

Bem... O fato deu-se num dia de domingo a tarde:

A Família era levada no Micro, da Capital para a fazenda, em fins de semanas agradáveis. Seis passageiros felizes e sorridentes, sendo quatro meninas, o casal e o chofer, num total de sete pessoas.

Naquele sábado, chegaram mais rápidos ao local,  por ser confortável,  tanto o interior do veículo quanto o percurso de estrada. Quase não se cansavam pelo tempo da viagem; tanto os quatro menores rebentos quanto ele e sua caríssima esposa que, anterior ao casamento, era uma jovem franzina;  todavia, agora, após as quatro gravidezes sucessivas, passava dos oitenta quilos, seguido por ele que havia engordado bem mais.

Foi no ano de mil novecentos e quarenta e seis, depois da segunda grande guerra que ele se tornou um rico Senhor de Indústria, pelo fato de fabricar panelas de alumínio - uma novidade para a época. Brilhavam ao serem lavadas com esmero. Outras, já haviam, mas, sendo o fabricante astucioso, conseguiu, nas mais recentes, novas formas e brilhos intensos. A aceitação das donas de casas ao novo modelo, mais leve e com tampas reforçadas, foi rápida.

 

Era CERTO o que fazia!

 

Atendia a todos pelo primeiro nome Herculano e casara-se aos quarenta anos com uma de suas funcionárias, escolhida por ele, a dedo, vinte anos mais jovem. Em cinco anos, já sua prole estava completa com as quatro filhas. Rodeado por cinco deusas em sua vida; montado em boa grana, parte escondida num cofre em sua Fazenda e o restante no Banco, dava poucas atenções ao seu peso.

 

Era O ERRADO que cometia.

 

Com sua família, chegava ao sábado, pela manhã, como sempre e voltava no outro dia, à tarde, como rotina semanal.

Todavia, depois de enfrentar um domingo quente; haver ingerido duas garrafas de bons vinhos; experimentado várias iguarias; e, após esgotar-se com vistorias nas cercanias da Fazenda, viu que se aproximava o horário da volta. No instante em que madame Herculano arrumava as crianças no veículo, o caseiro chegou à varanda aos berros dizendo que o Patrão estava caído no pé da escada.

Foi com grande sacrifício que o retiraram do primeiro piso do Casarão e outro, para colocá-lo dentro do Micro ônibus.

- Ele está enfartando... – Disse a Senhora ao chofer, com os olhos arregalados, pois, não podia acreditar tal ocorrência, justo aquele homem forte e corpulento.

O chofer já os esperava com o motor do carro ligado e de imediato, recebeu ordens para acelerar.

Assim que passaram pela porteira, começou a chover. A estrada, nunca se apresentara, como naquele instante, tão cheia de poças d’águas e além do mais,  até chegarem à Estrada principal, foi difícil para quem já dirigia aquele veículo, por seis meses seguidos. Os estrondos seguiam-se um após outro com relâmpagos que, apesar do entardecer repentino e das plúmbeas nuvens, clareava tudo. O velocímetro moderno do veículo não passava dos quarenta – opção do Patrão – por isso, dirigia com cautela.

 

Era o HORROR que se apresentava a sua frente.

 

- Empreenda mais velocidade, Senhor Fernando! – Pedia com tremor na voz;  todavia, o chofer não acionava o acelerador; - ordens do Patrão – pensava - e a chuva de granizos batia no teto do veículo como se quisesse perfurá-lo.

Dez minutos depois, ela argumentou suas razões:

- Porque não aumenta a velocidade Senhor Fernando?  Aumenta... – Insistiu - Ele está perdendo as forças, - replicou!

E foi assim que, atendendo ao pedido insistente da Patroa, acelerou um pouco mais. Já estavam dentro da Cidade quando, de repente, um poste de madeira que sustentava fiações elétricas, tombou à frente; fato que o fez pisar no freio  repentinamente, levando o veículo a derrapar; mesmo assim, bateu no obstáculo cheio de fios e desgovernado, capotou desastradamente.

O chofer perdeu os sentidos por alguns segundos e ao recobrá-los, viu ao seu lado uma das crianças, a mais novinha, morta e ao virar os olhos, as demais e que, no rosto da Patroa, não havia mais BELEZAS; num atino, saiu do veículo para buscar ajuda,  porém, ao correr pela rua para alcançar o outro lado da calçada, foi fulminado por um raio que se rompeu de baixo para cima.

O corpo, praticamente, ficou irreconhecível.

Outros estrondos e outros raios riscaram de um lado a outro nos céus e a chuva engrossava mais e mais em meio a escuridão. O carro permaneceu capotado.

“Todos os passageiros do Micro Ônibus e seu chofer, estavam condenados!” Ninguém poderia supor...

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Solano Brum
Enviado por Solano Brum em 23/01/2022
Alterado em 09/08/2023
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