Solano Brum
Metade porta, metade janela,
Antiga casa da Vovó era meu lar!
Uma a fechadura; outra, a tramela...
Tempo distante sempre a rondar!
Metade da estrada, pegando a viela,
Encurtava caminho ao Grupo Escolar!
Dona Branca dos olhos de linda gazela,
A Mestra ensinando o Verbo Amar!
Metade da vida, um sonhador...
Principiante a escrever Poesias;
Beijava e jurava fidedigno amor!
Ah! Pudesse agora, na terceira idade,
- Sem conter as razões das nostalgias
Dividir tantos anos em subtil metade!
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Este Soneto, encontra-se na página do Poeta, Walmor Zimermam, como Interação ao seu belo texto "OS IDOSOS VIVEM MUITO DE SUAS LEMBRANCAS."
Convido a todos desse Recanto, a uma visitinha ao Ilustre Poeta.
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INTERAÇÃO. OBRIGADO MEU GRANDE AMIGO.
MENINO VELHO
Herculano Alencar
Criança, eu pintava meus cabelos
Com pó de giz trazido da escola.
Ficavam bem mais brancos que agora,
Que tento, a todo custo, anoitece-los.
Meu Deus, quanto eu queria tê-los.
Os churros de algodão em falsa neve!
Pedia a Deus do céu que fosse breve
E que fosse capaz de merecê-los.
E foi-se o tempo, o fio dos novelos...
E se foram os churros e os anos...
Até cumprir, em fim, todos os planos
E merecer o branco dos cabelos.
As cãs, que ora oculto com desvelos
São provas testemunhas dos meus anos.
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