A 1a frase é da Poetisa F. Espanca e está entre Aspas, bem como a última do Soneto da Interação
Do LIVRO:
SONETOS . SENDO O
"V"
Florbela Espanca
Dize-me, Amor, como te sou querida,
Conta-me a gloria do teu sonho eleito,
Aninha-me a sorrir junto a teu peito,
Arranca-me dos pântanos da vida.
Embriagada numa estranha lida,
Trago nas mãos o coração desfeito.
Mostra-me a luz; ensina-me o preceito
Que me salve e levanta redimida.
Nesta negra cisterna em que me afundo,
Sem quimeras, sem crenças, sem ternura,
Agonia sem fé dum moribundo…
Grito o teu nome numa sede estranha,
Como se fosse, Amor, toda a frescura
Das cristalinas águas da montanha!
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INTERAÇÃO Á FLORBELA ESPANCA
"DIZE-ME"
Solano Brum
“Dize-me, Amor, como te sou querido?”
Como teus olhos me veem, no instante
Em que a sombra da tristeza errante
Vem digladiar, sem nenhum sentido?
Sou eu o da estrada… O claudicante
Que buscou nos teus braços o abrigo!
Não sabes que sem você, não consigo
Ver o sol nascer ou se pôr no horizonte?
Dize-me… Espero tua resposta!
Tenho sempre orado de mão posta
Mas parece em vão qualquer pedido!
Tira-me da cisterna da agonia;
Anseio por tua voz; tudo me angustia...
“Dize-me, Amor, como te sou querido?”
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Do Livro “SONETOS” Pagina 5 – englobando, numa só Edição os Sonetos da Autora: Livro das Mágoas, 1919; Soror Saudade, 1923; Charneca em Flor 1939; Os numerados em A. Romanos, num total de X; e, Relíquias, 1931.