Solano Brum
Desperto à noite para ver estrelas
Apoiando-me na janela, longe do chão!
As lá de baixo, num instante posso tê-las;
Não é o caso, as do céu, na amplidão!
Meus olhos se apaixonam só por vê-las,
Mas no espelho, o cenho da preocupação!
Amo quem tem nos olhos essas estrelas
Pois, para ela, palpita meu frágil coração!
Sem resistir ao fato desse caso,
Volto e me deito, mais contente;
Maravilhado com o que vi lá fora...
E se às vezes escapa e falo por acaso,
Alguns riem, porque sou adolescente...
Mas ninguém sabe que amo essa Senhora!
= = = =
Faz tempo… Faz muito tempo!
Os adolescentes são os que mais amam, em segredo!
*************
JACÓ, POR TÃO BELA INTERAÇÃO, SÓ OUTRA, COMO RESPOSTA, NA MESMA PÁGIONA:
AMOR ADOLESCENTE
Jacó Filho
Quando à janela, via as estrelas,
Mas a vizinha na rua, passeava,
Ficava extasiado ao poder vê-la,
E o céu ante sua luz, se curvava...
A emoção, nada podia contê-la,
Pois minh' alma ela hipnotizava...
Quando da janela, via as estrela,
Mas a vizinha na rua, passeava,
Não sonhava que podia detê-la,
Tão pouco quanto a interessava,
Sabendo que estava lá pra vê-la,
Escolhia a minha rua e passava,
Quando à janela, via as estrelas...
= = =
TAI, MEU ILUSTRE POETA.
AMOR SECRETO
Solano Brum
Teço amor por ti, caríssima Senhora!
Se a vejo passando, sombrinha à mão,
Cheia de luz, qual romper da aurora;
Mais graciosa que tardes de Verão
Embarga-me a voz - Louca rouquidão!
Meus desejos vos seguem rua em fora
E cada passo que dás, medindo o chão;
Beija a boca desse servo que vos adora!
Sofro ao dobrares a esquina
Porque fico sem completar a prece
Que aos Santos invoco nesta hora!
E ninguém sabe, tampouco imagina…
O secreto amor que meu coração tece
É porque vos vejo passar linda Senhora!
= = = =
COMO NÃO, MEU AMIGO POETA. É SEMPRE UM PRAZER TÊ-LO EM MINHA PÁGINA.
LEMBRANÇA PUBESCENTE
Beira de rio... o sol de Teresina!
As lavadeiras, entoando às margens,
faziam parte viva da paisagem
Junto ao calor da brisa setembrina.
Nos seios rijos de sinhás-meninas
Brincavam mil bolinhas de sabão
Como se fossem neve de verão
A esculpir as formas femininas.
Bem junto delas meu olhar pidão,
Abolinar o falo pubescente,
Fez derramar a seiva inocente
Que deslizou, feliz, por minha mão.
Vi o prazer, liberto da prisão,
Descer as águas feito amor perdido
E navegar, num tênue gemido,
Até o mar desta recordação.
= = =