( I ) - A FORÇA DO AMOR
Solano Brum
Uma sombra de dúvida... Algo a torturar...
Nunca vi e o disse me disse, sempre evitei...
Vez em quando parece saltar de seu olhar
Uma certa indiferença; algo que não sei!
Dúvidas! Ah... Dúvidas! Sempre as detestei!
Mas certas línguas se prestam a difamar!
Sofro da incerteza, mas nunca a interpelei;
E a hercúlea luta é não querer acreditar!
Também as combateu o sábio carpinteiro
Sobre o ato da amada – O amor primeiro,
Mas o Anjo lhe valeu na hora da aflição! (*)
Tenho visto casos iguais e com sapiência,
Sinto um anjo que me toca a consciência,
Fortalecendo o amor que tenho no coração!
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(*) Mat 1 v 18, 24
(2) - TIRANIA
Solano Brum
Não fosse pra vivermos com quem nos apaixonamos,
Porque o destino deixa tal fato acontecer?
Seja, talvez, para nos ver sempre chorando
Pelo bem que nos deu e o fez morrer?
Porque a sanha teatral dessa ironia
Ó perverso destino a um alguém qualquer?
Tu és, por acaso, o Pai da Fantasia;
O tal que não deixa o que é belo florescer?
Eu o censuro pelo que até então já promoveu...
Se a peça é trágica e se em ti nunca doeu,
Sabes aplaudir, escarnecer, ficar de pé e pedir bis!
Aconteceu, assim, comigo, quando a conheci...
Tirou-me a prenda dada e pelo tanto que já sofri,
Nada é relevante e não sei o que ser feliz!
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(3) FANTASIAS
Solano Brum
Até bem pouco tempo ela era minha;
O desejo corria à solta e se inflamava!
Até nem pouco tempo, eu a beijava
Como abelha às belas flores à tardinha!
Houvesse sol tão quente quanto a lava,
Ou ouvíssemos o cantar da Ladainha...
Bem juntinho dela, que se dizia minha,
Entre beijos, o fogo mais e mais crestava!
Até bem pouco tempo, - no último Verão -,
Olhei a porta aberta e as mãos vazias,
Que até as folhas secas podem se juntar...
Fatos passados; saudades; verbo amar...
Tanto amor foi desfeito em fantasias
Que hoje enfeitam meu pobre coração!
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