Interagindo com FLORBELA ESPANCA.
EU NÃO SOU DE NINGUÉM
Solano Brum
Eu não sou de ninguém; ninguém me quer...
Talvez, sejam esses males improcedentes
Que afastam os amores do meu viver,
Pelas inefáveis dores inconseqüentes!
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EU NÃO SOU DE NINGUÉM...
Florbela Espanca
Eu não sou de ninguém... Quem me quiser
Há de ser luz do sol em tardes quentes,
Nos olhos de água clara há de trazer
As fúlgidas pupilas dos viventes!
Há de ser seiva no botão repleto
Voz no murmúrio do pequeno inseto,
Vento que enfuna velas sobre os mastros!
Há de ser Outro e Outro num momento!
Força viva, brutal, em movimento,
Astro arrastando catadupas de astros!
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Do Livro SONETOS – Florbela Espanca, da Editora Martin Claret Ltda, 2002
CISMAS
Solano Brum
Sem lugar no mundo, estou sozinho,
(Cismas estranhas, mas, disso sei!)
Gostaria de um lar; casa; um ninho;
A mulher que se foi e tanto amei!
É Primavera, mas, não vejo as flores,
Não há jardim que se possa apreciar,
Casais aos beijos; as juras de amores,
Um céu estrelado; uma noite de luar!
Meu verso é simples; não tem lirismo,
Escrevo pouco, por vezes, algo banal
Pelo dom, sem que eu saiba, oriundo...
Se eu ouço gritos, então eu cismo...
Também porque nasci com esse mal
De amar a tantas e ser só no mundo!
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