OITAVA PARTE DE: UM PUNHADO DE VERSOS
( I ) - SUPERSTIÇÃO
Solano Brum
Árvores vergam com o passar do vento;
Céu vestido em ouro nas tardes outonais...
O pensamento a Deus, por um momento
Faz-se presente nos sinos das catedrais!
Flecha uma vez lançada, não volta mais;
Noites de estrelas brilham no firmamento...
Barco destroçado num perdido cais;
Pio supersticioso d’um pássaro agourento!
Cristalino lago onde Narciso se fez flor,
Olhos de Argos enfeitando calda do pavão, (*)
Pedra de tropeço no caminho do Poeta... (**)
Completo o quadro que enaltece o pintor,
Mas assumo a dor que me toma o coração,
Por tudo que vejo e sinto e que me afeta!
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Nasce a poesia pela lírica, envolvente,
Grito de solidão que em mim desperta...
E eu escrevo e nem sei se sou demente;
Ou um deus; um escravo ou um Poeta!
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Olhos de Argos... Mitologia (*)
Pedra de tropeço – Poeta C D de Andrade (**)
“No meio do caminho...”
( II ) - MEU DOM
Solano Brum
Eu via, embevecido, na cor do céu azul,
Formosas tardes em ouro, inflamadas!
Sentia a leveza no corpo ao vento sul,
Qual barco navegando a velas infladas!
Nas manhãs, a flor aberta no canteiro;
O retoque final do pintor na aquarela;
A certeza da chegada de um barqueiro;
Pálida lua nova, velada por sua estrela!
Fui crescendo, envolvido nesse cenário,
Induzido pela Musa a escrever poesia,
Obedecendo, desde então, esse fadário!
Ah! Beleza descortinada... Tudo é real
E minha lírica alma, exorta a fantasia
Por ser no Poema, pedra fundamental!
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( III ) - O MUNDO
Solano Brum
O Mundo em que vivemos... Vive a rodar
E ninguém somou as voltas que ele já deu!
Sei que numa dessas, eu pude te encontrar...
Pote d’uro que alguém, outrora, escondeu!
Tudo é encanto... Por nós, vive a passar...
Sabeis os atos que até então já promoveu!
Sua mágica une as pessoas num só piscar;
Porém, jamais viçou a rosa que feneceu!
É um profundo mistério; envolvente,
Que faz despertar no solo a semente,
A qual dá fruto e alimenta dia a dia!
É assim o mundo... Que gira, sem parar;
Que obedece às leis do “Verbo Amar”
E encanta a todos com sua Poesia!
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( IV ) - PRECONCEITOS
Solano Brum
Ah! Gentil Senhora... Não se apegue
Nem te aflijas tanto sobre o moral...
Não mintas a ninguém, tampouco negue
O amor que me tens; ele é belo e natural!
Os tempos são outros. Ele, avante, segue;
Ouve-se o que se quer; não leve nada a mal;
Sejas minha flor... Deixa-me que te regue;
Não faças d’um pingo d’água, temporal...
Não dê crédito aos olhares insinuantes;
Abra teu sorriso ao lado d’uma amiga
E apunhale pelas costas a sociedade...
Pois que, o amor, é dado aos amantes...
E a quem lhe perguntar, apenas diga:
“Eu amo!” Pouco nos importa a idade!
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Caríssimos visitantes, publico em série, pois, não que eu queira ser mais que todos, é que, tenho 80 anos e não sei se os que tenho guardados, como "PRECONCEITOS" e outros mais, serão publicados. Peço a Deus que, os que tem os corações emperdenidos, que me perdoem.