SEGUNDA PARTE DE:
"UM PUNHADO DE VERSOS"
(I) CORAÇÃO NAVEGADOR
Solano Brum
Cheguei, amor, qual barco avariado
Ou mercadoria destinada aos despejos
Para sentir no meu, seu coração amado
E na volúpia intensa, seus ternos beijos!
Busquei, n'outros mares, n'outras plagas,
N'outros portos, mulheres e seus amores!
Outros braços foram como enormes vagas,
Outros lábios como arpões dos desamores!
Terei contigo, um castelo só de amor...
Meus olhos, sentinelas entre as ameias,
O corpo inteiro e o coração navegador!
Assim, deixar o meu desejo andar à solta,
Em terra firme, sem ouvir outras sereias,
E meus carinhos navegando em sua boca!
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(2) INVERNO
Solano Brum
Lembro-me desse inverno e o tempo de menino
Cuja missão pela manhã, escovar o cavalo baio.
Garoto esperto, cabelo na testa, mas, franzino
Entre a neblina densa perdurando desde maio!
Depois, tocava o bicho com hortaliças no balaio,
Mas a atenção, voltada aos toques de um sino.
Ai deixava o coitadinho, amarrado, feito lacaio
E corria feliz para a Escola, para cantar o hino!
Foi assim. Cresci, saí de lá e cheguei à Capital,
Estudando com afinco para ser alguém na vida,
Nem pisar nos escrementos de bois no quintal!
Hoje, esse inverno, talvez, me olhe de soslaio
E irônico me faz lembrar quando da partida,
Minha promessa de breve volta ao cavalo baio!
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(3) MINHA QUERIDA BISA
Solano Brum
Ah! Querida Bisa! Lembro-me de sua face
Num curto espaço de minha juventude!
Seu porte imperial, seu sorriso, sua face,
De tudo e todos numa completa felicidade!
Lembro o fato do cordão de ouro, valioso,
Disputado às tapas por legítimos herdeiros,
Cujo assunto na Biblioteca, cruel e sigiloso,
Foi alvo de duras críticas por matraqueiros!
Fechou os olhos, como um anjo, bem serena...
O corpo, velado com respeito à noite inteira
E meu susto ao acordar sem vê-la entre nós!
Lembro-me de tudo... E daqueles, sinto pena
Pois, hoje, vendo-me no extremo da fronteira,
Suplico a todos que tratem bem de seus avós!
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(4) FILHO PRÓDIGO
Solano Brum
Botei o pé fora de casa para ganhar o mundo
E vi Mamãe na porta, olhando-me, assustada!
Sorvi as águas turvas de um mar profundo,
E dispensei o impossível pela ação tomada!
Passei pelas barreiras das ilusões perdidas;
Permiti que a luxúria tomasse-me de assalto;
E, entre os gozos das delícias proibidas,
Jurei ousadamente: “-Nunca mais eu volto!”
Usei do cabedal para cobrir o meu conforto,
Adentrei o submundo das almas condenadas
E amei, todas as mulheres, de porto a porto!
Ao descobrir que esse impulso ilude e exorta,
Regressando ao lar, cansado das caminhadas,
Surpreso vi, mamãe em pé, na mesma porta!
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Versos declamados e enviados à Poetisa Avahav, em 05/08/2021, por Tel (WhatsApp) e enviada por E-mail à Poetisa “Maria de Fátima Delfina de Moraes”, desse Recanto, em 05/08/2021
(5) LEMBRANÇAS LÁ DA ROÇA
Solano Brum
Madrugada de galo cantando;
Vento suave na bananeira;
Raios do sol, penetrando
Na densa serração rasteira!
Fecho os olhos, relembrando
A farta refeição primeira!
Ao pé do rádio, vovó escutando
Notícias da Terra inteira!
Lá fora, perto do córrego doce,
Ou nas grimpas dos bambuzais,
Em bando, cantava a passarada!
Ah! Essa lembrança é danada...
Fere tanto como se espinho fosse
Sem se importar com meus “ais!”
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(6) MARIPOSA
Solano Brum
A noite tem um significado diferente...
Lua e estrela se esbanjam na luxúria!
O clarão atrai a mariposa esvoaçante
Levando-a crer sobre a ação espúria!
Num ponto fixo, a bela e jovem guria,
Aceita o aproximar do pretenso cliente
E sem enleios dá o preço... “- Quem diria?”
Luz e hábitos noturnos a torna fascinante!
Não se sabe por quê... Nem se contesta...
Caiu na vida; faz a vida; está na vida...
Pobreza é constância que a deixa louca!
Mas, por ser jovem, para ela, tudo é festa...
Porém, recusa com doçura, a investida,
Ao beijo que o cliente quer lhe dar na boca!
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(7) PROVA DE AMOR
Solano Brum
O que me tens são cacos de amor no coração?
Saiba que, a tristeza e a dor já me consomem!
Mas, espero, pois, as migalhas caídas no chão,
“Os cachorrinhos Senhor, também as comem!” (*)
Perdi os brios dos quais o ser humano tem...
Sou marujo em mar aberto, na embarcação,
Buscando com afã e para meu próprio bem,
Em Louvação a Deus, a tábua de salvação!
Assim estou, por teus carinhos, abandonado
E a dor é do espinho que no qual me espetei,
Por haver seguido um caminho desaprovado!
Dá-me, por inteiro, esse seu sagrado pão
Que, de Deus, é a prova de Amor e sua Lei,
E de Jesus, setenta vezes sete o perdão! (**)
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Nota do Autor:
(*) Mat 15: 29-30
(**) Mat 18: 21-22
Poesia enviada ao Poeta R Camacho em sua página com o Soneto: IMORTAL de 01/08/2021
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Sinto-me feliz por receber
sua interação. Parabéns Caríssima!
CASTELO DE TERNURAS
Maria de Fatima D de Moraes
Venha meu coração navegador
Aportar em meus braços.
Dar-te-ei meus carinhos, meu amor
Abrandarei o teu cansaço.
Venha esquecer mulheres do desamor
Entrega-me teu coração ferido
Serei à cura em plenitude, com ardor
Permita-se em meu abraço ficar adormecido.
Abriga-te em meu castelo de ternuras
E com toda a minha doçura
Far-me-ei total entrega.
Aporta em meu cais pleno de candura
E realizarei teus desejos e loucuras
serei teu mar de carinhos, onde o coração navega.
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Caríssismo Poeta Jacó Filho. Sua presença em mimnha página com uma bela Trova, abrilhanta-a mais e mais. Obrigado
TROVA
Jacó Filho
Seus sonetos encadeados,
Aos leitores emocionam,
E aos poetas, apaixonam,
Pois são em luz, inspirados...
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