A ESPERA - Bilhete
Solano Brum
Recebi o seu bilhete: “Lá pelas dez, chegarei!”
Feliz, preparei o quarto, a cama e o vinho!
Deixei flores sobre a mesa e a casa, a enfeitei,
Como pardal exibe à sua pardoca, o belo ninho!
Esperando - surpreso pelo horário - imaginei
Ter havido um contratempo pelo caminho!
Chove, troveja; uma taça do vinho eu já tomei,
E a ânsia chega, deixando-me em desalinho!
Nessa continua espera é meia noite agora...
Releio o bilhete e as flores, já murcharam...
Perco toda a esperança pelo passar da hora!
E lá se vão trinta anos... E eu, ainda espero
Refletindo sobre os castelos que ruíram:
Por que o amor existe? Por que ainda a quero?
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