TEMA n. 16 - A DESATENÇÃO DE ARGOS
TEMA N. 16
A DESATENÇÃO DE ARGOS
Solano Brum
Argos tinha cem olhos... Todos viam
E nunca se fechavam em tempos iguais!
Cauteloso, enquanto alguns dormiam,
Tratava de manter abertos os demais!
Assim montava aguarda. Mas, certo dia,
Desatento à ordem de Juno,- a aviltada -,
Não percebeu que certa melodia
Invadia o recinto, por flauta encantada!
Hermes chagava como o defensor
De Io. Com Sua história, o fez dormir,
E num só golpe, cumpre sua missão!
Juno, sentindo-se culpada por tal horror,
Decidiu que cada olho passasse a existir
Como atavios, na cauda do seu pavão!
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Comentários: Zeus transformou Io numa cabra. Juno percebeu a tramoia do marido e após elogiá-la, pediu-a como presente. Assim sendo, deu-lhe várias missões, tais como: - atravessar a nado o mar Jônico; cruzar as planícies da Ilíria; subir o monte Hemoe; vencer o estreito da Trácia vagueando pela Cítia e pelos país dos cimérios, às margens do Mar negro até chegar às águas do Nilo, tudo para livrar-se do mosquedo que a atormentavam dia e noite. Insatisfeita com suas vitórias e ainda desconfiada de que ela poderia voltar a ser uma ninfa e cortejada, a acorrentou e deu ordens a Argos, o qual tinha cem olhos, que montasse guarda. Sem se comunicar com o mundo dos humanos, seu Pai, o Rio-Deus e suas irmãs Ninfas a procuravam, desde o seu desaparecimento. Certa vez, se aproximaram de um animal. Argos lhes prevenira par olhá-la de longe. Mas o animal fez um gesto e foi o bastante para que eles entendessem o encantamento. Zeus, do Olimpo, a tudo assistia e de coração partido, pediu a Hermes que a libertasse. E assim ele o fez. Porém, à sua maneira. Transformado em pastor de ovelhas, apresentou-se a Argos e este ficou entusiasmado ao ouvir a melodia de sua flauta mágica, em tons suaves, a qual fora presente de Pã. Mas o carcereiro não dormiu. Então, Hermes contou-lhe histórias e mais histórias, uma sobre a outra, até que, inebriado, ele sentiu o peso do sono. Ao perceber a fragilidade do adormecido, decepou-lhe a cabeça com um só golpe, vendo-a rolar ribanceira abaixo. Sem pensar no mal irreparável que fizera, desamarrou o animal e voltou ao Pináculo de onde viera com seu capacete e sandálias aladas. Horrorizada com o que vira, Juno, acometida de piedade e culpando a si pelo acontecido, ao recolher os cem olhos da cabeça decepada, viu passar um único pavão macho à sua frente. O animal não tinha beleza. Então, ela, ao espantá-lo, viu que seu leque era vazio e sofria de pobreza extrema. Assim, para lembrar os olhos de quem a servira, implantou-os nas penas da calda de sua ave, como ornamento. Que ao ostentá-las, lembrava os olhos de Argos. Após tantas desgraças, Zeus intercedendo por ela recebeu de sua esposa o perdão e o consentimento de sua metamorfose, desde que, ao se tornar, outra vez Ninfa, nunca mais fosse por ele cortejada. SOLANO BRUM.
Solano Brum
Enviado por Solano Brum em 09/04/2016